Para algumas pessoas, a morte é simplesmente o fim da nossa existência. Porém, a maioria das pessoas acredita em algum tipo de realidade após a morte. Mas como será? Os pensamentos podem ser bem diferentes, dependendo da religião. Nesse texto, vamos apresentar brevemente a visão cristã/bíblica do assunto.
Primeiro, entenda que a origem da morte é o pecado (Gênesis 2 e 3). No entanto, em nenhum momento a bíblia afirma que o ser humano era naturalmente imortal. Só Deus é imortal (1 Timóteo 6.16). Perceba, que os seres humanos foram criados do pó da terra e não morriam por que, na narrativa bíblica, tinham acesso a árvore da vida. O conceito é que a vida sempre foi um presente de Deus. Fomos criados para a eternidade (Eclesiastes 3.11), mas não somos naturalmente imortais. No momento que nossos primeiros pais viraram as costas e romperam o relacionamento com o Deus da vida, a morte entra no mundo.
A consequência do pecado é a morte (Romanos 6.23). Porém quando Jesus morre na cruz, ele assume o nosso lugar. Não vamos entrar em muitos detalhes aqui. Apenas precisamos saber que Jesus vence a morte e estende essa vitória a nós. Por isso, o cristianismo crê veementemente na ressurreição. Assim como Jesus Cristo ressuscitou, da mesma forma aqueles que creem nele serão um dia ressuscitados para viverem eternamente com ele. Não podemos negar que a bíblia coloca em diversos momento um duplo desfecho, onde aqueles que creem em Cristo, viverão com ele no céu, e os que não creem viverão no inferno.
Não precisamos pensar no inferno como um lugar cheio de fogo
Não precisamos necessariamente pensar no inferno como um lugar cheio de fogo. A bíblia usa imagens para descrever como um lugar ou estado de agonia intensa. A bíblia afirma que o mundo não é tão ruim quanto poderia ser, porque Deus o sustenta. Como seria, se a presença salvadora de Deus, se sua paz e seu amor sumissem completamente? Seria um inferno. Do outro lado, o céu será uma experiência de alegria além da nossa imaginação. Muitos de nós, depois de uma grande conquista são tomados por uma grande alegria. Você já deve ter sentido isso. Mas essa alegria com o tempo passa, e precisamos correr atrás de mais uma conquista. Como seria se essa alegria não passasse nunca? Como seria se ela desse lugar a alegrias além do que podemos imaginar hoje? Seria o céu.
É importante perceber que a concepção cristã é de uma ressurreição material/física e individual. Ao contrário de outras crenças, o cristianismo não fala de uma realidade espiritual ou imaterial. Os textos bíblicos falam de um corpo físico, concreto, de alguma forma muito mais glorioso do que o atual (1Coríntios 15). Outras religiões, especialmente orientais, acreditam em uma espécie de união com o todo, dissolvendo a individualidade. O exemplo clássico é de uma gota que cai no mar, sendo absorvida pelo oceano, deixando de existir como gota. Para o cristianismo a morte não implica na perda de identidade. Pelo contrário, ao morrer com Cristo, uma pessoa descobrirá sua verdadeira identidade, seu verdadeiro eu para o qual foi criado, pois estará completamente livre do pecado. O autor e preletor Timothy Keller explica bem essa questão:
“Você tem uma identidade verdadeira, uma essência autêntica dentro de si, mas também tem uma porção de falhas e fraquezas que encobrem, desfiguram, e escondem essa identidade. A esperança cristã porém é de que o amor e a santidade de Deus consumirão as falhas e as fraquezas. Naquele dia olharemos uns para os outros e diremos: sabia que você poderia ser assim. Tive lampejos e vislumbres do seu verdadeiro eu. E agora, olhe só. A morte podia nos esmagar, mas agora a única coisa que pode fazer é nos plantar no solo de Deus para que nos tornemos algo extraordinário”.
De maneira resumida, o cristianismo anuncia que um dia os seres humanos serão ressuscitados, passarão pelo juízo de Deus, onde aquelas que creram em Cristo, viverão para sempre com ele na eternidade, numa realidade além da nossa compreensão.
De maneira bem clara, as crenças da reencarnação, purgatório e mesmo o pensamento popular de que todos no final, serão salvos, não se sustentam.
Mas o que acontece entre a morte e a ressurreição? As pessoas possuem consciência?
Nessa parte, a bíblia não se manifesta de maneira conclusiva. Temos duas principais correntes.
1) Os seres humanos estarão em algum tipo de céu ou inferno esperando que o juízo de Deus apenas sele o seu destino. Há uma parábola de Jesus que apresenta esse cenário (Lucas 16.19ss). Mas que justamente por ser uma parábola não pode ser interpretada literalmente.
2) Estaremos sem consciência, como que em um sono profundo, esperando sermos acordados por Cristo. O termo “os que dormem” é usado frequentemente no Novo Testamento. Porém, não se sabe se é uma linguagem literal ou metafórica.
Pessoalmente, vejo que ambas as posições são possíveis. Porém entenda que a divisão do ser humano entre corpo alma e espírito é apenas didática, na linguagem bíblica. O ser humano é visto como um ser integral. Essas partes não podem ser separadas. A ideia de que nossa alma é imortal e que a morte apenas atinge o corpo e liberta alma, não vem da bíblia, vem de Platão (filosofia grega). A visão hebraica, na qual o pensamento bíblico se constrói é que o ser humano é formado do pó da terra, Deus sopra o fôlego de vida nele e ele passa a ser alma vivente. Não temos alma, mas somos alma. Alma não descreve uma parte do ser, mas o ser como um todo. Assim, quando o ser humano morre, morre tudo, o corpo e a alma.
E quando é ressuscitado, ressuscita tudo. Como a bíblia se cala sobre esse assunto, eu creio que é porque Jesus e os apóstolos tinham em mente a mentalidade hebraica. Por isso, pessoalmente eu considero a segunda opção mais plausível. Também é reconfortante pensar de que nossos entes queridos que já faleceram estão descansando. Não estão sofrendo por aqueles que ficaram e nós não precisamos fazer nada para que descansem em paz. Estão em um sono profundo, para um dia serem despertados por Cristo e então, viverem seu destino eterno.
De qualquer forma, crendo na posição cristã, podemos ter grande esperança tanto para enfrentar a nossa morte, como daqueles que amamos. Em Jesus, a morte não marca o fim, mas o início da nossa grande e verdadeira história.
E você? Se hoje fosse o seu último dia, você saberia para onde está indo?
Quer aprender mais sobre esse assunto? Assista a mensagem “Não tenha medo da morte”, na série “Não tenha medo”, disponível na página. Ou converse conosco. Teremos alegria em te ajudar.
0 comentários